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Treinamento NR-10: quando é obrigatório e quem deve fazer (passo a passo detalhado)

A seguir, você tem um guia prático em formato de lista, com um passo a passo para identificar quem precisa do treinamento NR-10, qual tipo de curso aplicar e como manter tudo em conformidade (evitando riscos, multas e problemas em auditorias).

Selecione um dos tópicos abaixo:


1) Mapeie onde existe risco elétrico na sua empresa

Antes de falar de curso, você precisa entender onde está o risco.

  • Liste os ambientes com eletricidade ou proximidade de instalações:
    • Quadros e painéis elétricos
    • Casas de máquinas
    • Áreas com motores, bombas, compressores
    • Máquinas industriais e equipamentos ligados à rede
    • Manutenção predial (iluminação, tomadas, disjuntores etc.)
  • Identifique também áreas “esquecidas”, como:
    • Almoxarifado com ferramentas elétricas
    • TI (nobreaks, racks, infraestrutura elétrica)
    • Geradores e subestações (se houver)

Objetivo: provar que você sabe onde há risco e que a empresa trata isso com seriedade.


2) Liste todas as funções que podem ter contato direto OU indireto com eletricidade

A NR-10 não se limita ao “eletricista”.

Inclua no levantamento:

  • Eletricistas e técnicos elétricos
  • Manutenção (predial/industrial)
  • Mecânicos que operam perto de painéis/máquinas
  • Operadores de máquinas e equipamentos elétricos
  • Supervisores/encarregados que liberam serviço e acompanham intervenção
  • Terceirizados que fazem manutenção elétrica dentro da empresa

Regra prática: se a pessoa intervém, opera ou circula perto de instalações com risco elétrico, você precisa avaliar a obrigatoriedade.


3) Classifique cada colaborador: “direto” ou “indireto”

Para decidir corretamente quem treina, classifique assim:

  • Atuação direta:
    Quem executa instalação, manutenção, inspeção, reparo ou intervenção elétrica.
  • Atuação indireta:
    Quem não mexe diretamente, mas trabalha em áreas com risco, acompanha atividade elétrica, opera equipamentos energizados ou pode ser exposto por proximidade.

Resultado desse passo: você cria uma lista clara de “quem precisa” e reduz riscos de falha em auditoria.


4) Defina qual treinamento cada grupo precisa fazer

Agora sim entra o “tipo de curso”.

  • NR-10 Básico (40 horas)
    Para quem atua direta ou indiretamente em instalações elétricas e serviços com eletricidade.
  • NR-10 Complementar SEP (Sistema Elétrico de Potência)
    Para quem trabalha com SEP (ex.: subestações, redes, alta tensão, geração, transmissão e distribuição) ou em áreas classificadas como SEP.

Atalho de decisão:

  • Se envolve instalação elétrica comum → NR-10 Básico
  • Se envolve SEP / alta tensão / subestação / rede elétrica → NR-10 Básico + Complementar SEP

5) Confirme a obrigatoriedade com base nas atividades reais (não no cargo)

Um erro comum é olhar só o nome da função. O que vale é o que a pessoa faz na prática.

  • Verifique descrições de atividade (CBO, descrição interna, rotina real)
  • Converse com líderes e manutenção
  • Cheque chamados e ordens de serviço (OS) para entender exposição real

Por que isso importa: se ocorrer um acidente, o que pesa é a atividade exercida e o risco real, não o título do crachá.


6) Escolha um fornecedor de treinamento com comprovação e documentação

No compliance, não basta “ter feito o curso”. Você precisa comprovar.

Exija do fornecedor:

  • Conteúdo programático alinhado à NR-10
  • Certificados válidos, com carga horária e identificação do aluno
  • Lista de presença (ou registros digitais quando aplicável)
  • Registro do instrutor e qualificação
  • Evidências de avaliação (quando houver)

Dica preventiva: padronize um checklist de documentos para arquivar sempre do mesmo jeito.


7) Documente tudo e mantenha acessível para auditorias

Organize os registros por colaborador e por área.

Crie uma pasta (digital e/ou física) com:

  • Certificado NR-10 (Básico e, se aplicável, SEP)
  • Controle de validade (data do curso e vencimento)
  • Função/atividade e justificativa de enquadramento
  • Registros de reciclagem e atualizações

Objetivo: em fiscalização, você não “procura” documento — você apresenta rapidamente.


8) Programe a renovação a cada 2 anos (sem deixar vencer)

A NR-10 exige atualização periódica, e a forma mais segura é controlar isso como obrigação de compliance.

  • Crie um controle de vencimento por colaborador
  • Programe alertas com 60/30/15 dias antes do vencimento
  • Evite que equipes críticas fiquem “descobertas”

Recomendação prática: trate a NR-10 como você trata documentação de bombeiro/AVCB: não pode vencer.


9) Saiba exatamente quando o treinamento deve ser refeito (mesmo antes dos 2 anos)

Além da atualização bienal, o treinamento deve ser refeito quando ocorrer:

  • Mudança de função
  • Retorno de afastamento
  • Alteração nos processos, procedimentos ou condições de trabalho
  • Mudança significativa nas instalações
  • Introdução de novos equipamentos com risco elétrico relevante

Por que isso é importante: é um ponto clássico de autuação — “curso estava válido”, mas a função mudou e não houve reforço.


10) Encare o NR-10 como investimento: reduz risco, protege o negócio e fortalece compliance

Do ponto de vista do gestor, o treinamento NR-10:

  • Reduz acidentes e afastamentos
  • Diminui risco de multa e interdição
  • Ajuda a proteger a empresa de passivos trabalhistas
  • Fortalece a cultura de prevenção
  • Melhora a preparação para auditorias e exigências de clientes

Resumo executivo: treinamento NR-10 não é “custo de RH” — é proteção jurídica, operacional e humana.